Conhecer o Passado para entender o Presente

"Entrar na História" é o nome deste blogue. Pode significar abrir a porta e entrar no tempo que nos antecedeu. O tempo dos nossos avós... e dos avós dos nossos avós. De todos aqueles que construíram a terra onde vivemos.
Temos o dever de continuar a obra que nos deixaram, dando o nosso contributo para melhorar o que deve ser melhorado. Fazer da nossa terra um lugar mais agradável para viver.
Não se pode melhorar o presente se não o conhecermos. E para compreender o presente temos de conhecer o passado.
É o que este blogue te propõe: vamos investigar a história da nossa terra, para a conhecermos melhor.

Aproveitem!

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quinta-feira, 29 de maio de 2014

A Guerra Colonial (vista e vivida pelo tio avô da Luzia do 6ºA)

A GUERRA COLONIAL
(contada pelo meu Tio Avô João Carlos)

Nos anos 60, rebentou a guerra nas Colónias Portuguesas em Áfric
O nosso governo decretou que todos os cidadãos saudáveis eram obrigados a prestar serviço militar.
Um edital na junta de freguesia indicava quais os mancebos e o local onde deviam ser inspecionados para prestar o serviço militar. Aptos, lá iam os jovens para um quartel aprender a manejar armas e fazer preparação física. Aqui, eram escolhidos os melhores, para integrarem as tropas de elite.
No caso do Exército, havia os Comandos e os Rangers, na Marinha, os Fuzileiros e na Força Aérea os Pára-Quedistas.
A preparação consistia em longos “crosses”, muitas aulas, prática de tiro e lançamento de granadas. Após estes cursos, estávamos preparados para o embarque.

No Cais de Lisboa, navios como o ‘’Niassa’’ e ‘’Uige’’, que foram transformados para esse fim, levaram-nos até África, para as nossas colónias.
Viagens de sonho... o mar alto lindo, lindo…
Dentro do navio, tudo era como se fosse em terra. Levantar cedo, tomar o pequeno almoço, formar, uma breve palestra e toca a jogar cartas nas salas de navio; almoço, mais tarde formar novamente, palestra e destroçar para ir jantar e, finalmente, dormir.
Muitos dias, sempre iguais, até chegar ao local de desembarque. Neste caso, a Guiné, que fica a oito dias de viagem de navio a partir de Lisboa.
O desembarque era efetuado com muitos cuidados porque estávamos em zona de guerra. Aqui o cenário é diferente. A paisagem, a população e o clima. Até o ar que respiramos é diferente, mas tudo lindo, maravilhoso …
A população que esperava por nós, como garante da sua segurança, fez questão de receber os soldados com pompa. A avenida por onde desfilamos estava cheia de gente, bandeiras nacionais bem erguidas e o chão, imagine-se, coberto de panos muito coloridos e com cores bem garridas. Muitos gritos e cantares africanos que muito nos comoveram. Bem, mas não foi para festas que viemos para aqui  …
Agora vai uma companhia para aqui, outra para ali, outra para acolá e toca a andar.
A nossa principal missão era dar segurança às populações e criar com elas laços de amizade para que elas tivessem confiança em nós.
 Era para nós mais seguro ter os indígenas do nosso lado mas, de vez em quando, lá vinha a guerra.
 Quando era dado alerta de ataque a “Tabancas” (grupo de palhotas) e, noutros casos, em que o inimigo tomava conta de aldeias maiores, tínhamos que lá ir desalojá-los. Claro que isto implicava usar a força das armas. Tiros de um lado, tiros do outro, lá acabava por morrer sempre alguém. Do nosso lado tínhamos mais meios para socorrer os feridos do que do outro. Havia helicópteros que nos prestavam logo apoio. Era esta a rotina a que nos habituamos durante meses e meses…

Nas horas em que o inimigo nos dava “folga”, curtíamos o clima maravilhoso que África tem. Muito calor. Mas quando há chuvas elas são fortes e quando há trovoada é de meter medo.
As aldeias, as paisagens, os rios, os pássaros, e os macacos, são de nos deixar pasmados. No que respeita a animais havia na Guiné o macaco (várias raças), o chimpazé, poucos tigres e algumas “pacaças” (da espécie das gazelas).
Na agricultura, trabalhavam as mulheres, enquanto os homens fumavam e abrigavam-se do sol debaixo das árvores. Havia arroz, amendoim, mangas, laranja e pouco mais. As mulheres transportavam os filhos às costas.
Entretanto a guerra não parava. Os terroristas iam evoluindo e atacavam algumas cidades pela calada da noite. Dão mais trabalho aos nossos soldados que têm que dar segurança às populações  durante a noite.
Vai passando o tempo…
Os soldados, conforme os meses iam passando, preparavam o seu regresso a casa. Iam comprando recordações como tapetes, rádios, máquinas fotográficas, alguns pássaros e até macacos. Estavam todos ansiosos pelo regresso.
Ordem de embarque. No cais da Guiné fazem-se as ultimas despedidas aos amigos que lá deixamos. As lágrimas misturam-se, são as de alegria pelo regresso a casa e são aquelas pelos que, embora de outra cor, lutaram ao nosso lado e sofreram tanto como nós.
O corpo treme, a voz começa a ficar rouca pelos cânticos e vivas que se trocam com a população. O navio enche, há um apito longo, é o sinal que o navio vai largar.
E África fica para trás, desaparecendo no horizonte… dando lugar às recordações.
Mais oito dias de viagem, agora como “turistas”, comer, dormir e jogar às cartas.
Até que enfim, entramos no Tejo. O navio atraca. Os soldados atiram-se aos seus familiares. Há lágrimas por todo o lado, dos soldados e seus familiares. Felizes porque regressaram e felizes porque cumpriram o seu dever: SERVIR A PÁTRIA


Trabalho realizado por Luzia Lima, 6ºA

quinta-feira, 22 de maio de 2014

O castelo da Santa Maria da Feira

Eis a pesquisa efetuada pelos seguintes alunos do 5ºA: Rafael Pais e Vasco Cayolla. O seu objetivo foi conhecer melhor a história do mais importante monumento do nosso concelho e um dos mais relevantes do património histórico português. Parabéns a estes dois alunos. Realizaram um trabalho muito interessante.

As Fogaceiras: tradição com cinco séculos

A Mariana Fernandes e a Vitória, alunas do 5ºA, realizaram uma excelente pesquisa sobre a festividade mais importante de Santa Maria da Feira e a tradição que lhe está associada.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Memórias do tempo da Revolução de 25 de abril de 1974

O Gonçalo Santiago, do 6ºB, fez uma recolha de testemunhos de familiares, vizinhos e amigos sobre como viveram os tempos agitados da Revolução.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

25 de Abril de 1974: 40 anos depois

A Revolução do 25 de abril: 40 anos depois
Pesquisa de Francisco Tavares (6ºA)
Fiz algumas entrevistas a pessoas amigas e familiares que viveram o dia 25 de abril de 1974. Aqui estão os seus testemunhos:
“Soube que tinha havido uma revolução quando cheguei ao meu local de trabalho (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto). Disseram-me que tinha havido uma revolução e que não podia dar aulas, o que me confundiu um pouco. Eu estava tão feliz, assim como as pessoas que me rodeavam, que não percebia muito bem qual a razão pela qual nos diziam que era necessário ter cuidado. Percebi mais tarde que era por receio de uma contra-revolução, e que podia de facto ter havido algum perigo, mas a excitação e alegria que sentia superavam tudo isso.
Os dias seguintes foram de imensa alegria. Era uma festa nacional. Particularmente o 1º de Maio de 1974 foi um dia em que muita gente saiu à rua para festejar.”
Maria da Conceição Alvim Ferraz

“Na altura tinha 11 anos e andava no “2º ano do ciclo”, onde agora está a Escola EB1 nº 2. Quando chegamos para as aulas disseram-nos que a escola ia estar fechada. Para mim era tudo isto muito confuso. Fui para casa e lembro-me que durante a manhã na rádio só se ouvia “Grândola Vila Morena”. Não havia notícias, horas, nada… A partir do início da tarde começamos a ouvir na rádio o que tinha acontecido, lembro-me especialmente de ouvir o General Spínola e Costa Gomes a falar.
Quando regressamos à escola no dia 26 de abril os professores explicaram-nos o que tinha acontecido e naqueles dias parecia que toda a gente estava em festa.”
Fátima Silva

“Eu estava na Alemanha pois tinha fugido clandestinamente para não ir para a guerra colonial. Era um chamado refratário. Durante o tempo em que estava na Alemanha não podia vir a Portugal e portanto as saudades eram imensas. Cheguei ao cúmulo de ter tantas saudades de bacalhau e azeite que ia para o aeroporto para sentir o cheiro destes produtos levados por familiares de outros emigrantes. A primeira notícia que ouvi sobre o 25 de Abril era pouco clara, dizia “tanques invadem a praça principal de Lisboa”. Pensei que fosse um desfile de propaganda ao Estado Novo e portanto não dei demasiada atenção. Só quando soube que tinham libertado os presos políticos é que tomei consciência da dimensão e da revolta.
Foi uma alegria incrível. Perceber que já podia voltar a Portugal. Foi uma felicidade tão intensa que ainda hoje sorrio ao lembrar-me desse momento.”
António Monteiro


A Revolução de 25 de Abril de 1974 (Aos olhos da minha avó)

Trabalho de Catarina Bernardes (6ºB)

No ano de 1974, a minha tia tinha 9 anos e no dia 25 de abril estava num passeio escolar para uma visita ao aeroporto. A minha avó acompanhava-a quando ouviram no rádio do autocarro, por volta das 9/10 horas da manhã, que decorria uma revolução em Lisboa.
            Perante a notícia ouvida na rádio, o autocarro parou para que as pessoas tivessem a possibilidade de telefonar aos seus familiares, sabendo mais notícias e tranquilizando os mesmos. Os que estavam no autocarro ficaram indecisos face à continuação do passeio, pois tinham medo que acontecesse alguma coisa, mas decidiram prosseguir.
            Quando chegaram ao aeroporto de Pedras Rubras (atualmente aeroporto Francisco Sá Carneiro) depararam-se com um grande aparato de militares que tinham o aeroporto fechado para que ninguém entrasse.      
            O resto do passeio decorreu dentro da normalidade até Valença do Minho.
            Nesta época, apesar de ter havido problemas nas fábricas e com os proprietários de terrenos agrícolas e casas arrendadas, os dias seguintes foram vividos normalmente. Diziam que os pobres podiam ficar com os bens das pessoas mais abastadas, então uma inquilina de uma das casas que a minha bisavó tinha, veio a Santa Maria da Feira para tentar tornar-se proprietária.

Entrevista à minha avó:
1-Como é que soube do acontecimento?
     Através do rádio do autocarro em que íamos em passeio.

2-Quais foram os momentos mais emocionantes desse dia?                               
    Quando cheguei ao aeroporto e este estava interdito para visitas com bastantes militares à porta.

3-Como é que as pessoas reagiram?
     Ficámos indecisos, porque não sabíamos se continuar ou não o passeio.

4-Como foram vividos os dias que se seguiram à revolução?
     Os dias seguintes decorreram com normalidade porque o acontecimento ocorreu com paz.

"O Democrata Feirense": um jornal do tempo da 1ª República

O Gonçalo Santiago, do 6ºB, fez uma interessante pesquisa sobre Santa Maria da Feira (Vila da Feira,  naquela época) no tempo da 1ª República. O seu trabalho incidiu sobre um jornal local, de que o seu tio bisavô foi diretor. Este jornal designava-se "O Democrata Feirense". Há muitos anos que deixou de existir. Porém, o que conta é que faz parte do património histórico e cultural da nossa terra.