Vou contar uma história real, um episódio que aconteceu em
1919 entre monárquicos e republicanos na Vila da Feira.
Para tal, fui falar com o filho de um dos intervenientes
neste episódio, o Sr. Luís de Magalhães. O seu pai, Alfredo de Magalhães,
nasceu em Lamego no ano de 1886. Com 20 anos veio para Espinho cumprir o
serviço militar. Ao fim de semana trabalhava na Vila da Feira numa drogaria e
aí aprendeu a arte de funileiro. Nesta localidade se casou e se estabeleceu
como funileiro.
Alfredo Magalhães era monárquico e em Janeiro de 1919
durante a tentativa da restauração monárquica, juntamente com mais uma dezena
de cidadãos, andaram pelas ruas de Vila da Feira e por algumas freguesias do
concelho acompanhados por bandas de música a proclamarem a monarquia, fazendo
hastear bandeiras monárquicas em alguns edifícios públicos. Alfredo Magalhães chegou
mesmo a içar uma bandeira monárquica no edifício da Câmara Municipal da Feira.
Outros lançaram foguetes e obrigaram as bandas de música a executarem o hino
real. Ainda por esta altura proferiram publicamente vivas ao rei D. Manuel II e
lançaram insultos aos republicanos. Organizaram também na Vila da Feira um
batalhão de civis destinados a defender a monarquia. Os indivíduos que faziam
parte do batalhão andaram armados com espingardas do exército a policiar a
noite da Vila da Feira.
Por estes factos, em 25 de Junho de1920, foram acusados treze
cidadãos, entre os quais Alfredo de Magalhães. Foram julgados pelo Tribunal Militar
do Porto. O original deste documento de acusação está na posse do Sr. Luís de
Magalhães.
Alfredo Magalhães seria condenado a três meses de prisão,
que foram cumpridos na cadeia de Aljube no Porto. Posteriormente foi libertado
e continuou a residir com a sua família na então denominada Vila da Feira.
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