Conhecer o Passado para entender o Presente

"Entrar na História" é o nome deste blogue. Pode significar abrir a porta e entrar no tempo que nos antecedeu. O tempo dos nossos avós... e dos avós dos nossos avós. De todos aqueles que construíram a terra onde vivemos.
Temos o dever de continuar a obra que nos deixaram, dando o nosso contributo para melhorar o que deve ser melhorado. Fazer da nossa terra um lugar mais agradável para viver.
Não se pode melhorar o presente se não o conhecermos. E para compreender o presente temos de conhecer o passado.
É o que este blogue te propõe: vamos investigar a história da nossa terra, para a conhecermos melhor.

Aproveitem!

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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O Francisco, do 6ºA, fez um muito interessante trabalho de pesquisa sobre a história dos correios na sua localidade: Santa Maria da Feira. Para tal, entrevistou familiares seus, que lhe forneceram informações curiosas sobre este importante meio de comunicação.
 
O correio contado por quem assistiu ao seu início...
A primeira estação de correios da Vila da Feira
 
 
Resolvi entrevistar um familiar próximo, cuja mãe e avó desenvolveram atividades ligadas aos correios, desde final do Séc. XIX até meados do Séc. XX, aqui em Santa Maria da Feira (à data, Vila da Feira). Dessa entrevista fiquei com algumas informações fantásticas que vou partilhar.
O sonho e a necessidade das pessoas em comunicarem entre si são muito antigos.
Ainda hoje, podemos assistir nos filmes de índios e cowboys, a comunicação que faziam, utilizando sinais de fumo.
Com o aparecimento da escola, aumentou substancialmente o número de pessoas a saber escrever. Nasceu mais uma necessidade: o das pessoas comunicar entre si por intermédio da escrita. Surgiu então a carta escrita dirigida a familiares e amigos, estivessem onde estivessem. Mas não bastava escrever a carta. Como fazer para ela chegar ao destinatário? Como pagar esse serviço?
Foi assim que, em 1859, foi criada por vontade Régia (Ministro Fontes Pereira de Melo) uma “diligência” (carruagem puxada por 4/6 possantes cavalos) que fazia o transporte de pessoas e das “cartas” entre Lisboa e Porto. Este trajeto demorava 34 horas! Neste percurso existia 23 mudas de cavalos, e para tal foram criados 23 edifícios compostos por estábulos para os cavalos, dois ou três quartos para descanso dos viajantes e local onde eram servidas refeições, geralmente compostas por sopa e pão.
Neste local, os cavalos eram mudados (os cansados da viagem por cavalos frescos), e nestas mudas era largada a correspondência destinada àquela enorme área geográfica. Daí estas primeiras estações terem o nome de Malapostas (Mala-postas).
Assim, à Vila da Feira de então foi atribuída uma Malaposta, criada junto à Estrada Romana, também denominada Estrada Real, e mais tarde junto da estrada que ligava Porto-Lisboa, também chamada Estrada Nacional nº1.
A colocação deste equipamento, para a época, inovador, veio mais tarde a dar o nome ao lo
cal, que assim se passou a chamar lugar da Malaposta-Sanfins-Vila da Feira.
O familiar que entrevistei contou-me:
“A minha avó, durante anos e anos, ia à Malaposta buscar o correio que se destinava a todo o norte do nosso Concelho e levava-o numa canastra para entregar nas freguesias. Era uma autêntica epopeia, pois os caminhos eram fracos, e pontes, poucas ou nenhumas. O sacrifício era enorme para estas recoveiras. Segundo ela me contou, levava o correio desde a Malaposta até à freguesia de Canedo (quase 20Km) a pé, mal alimentada e sem meios de comunicação. Chegada ali, o correio, já dividido em pacotes, era entregue ao Padre ou ao Professor, ou não fossem eles as únicas ou quase únicas pessoas a saberem ler. Contava-me ela que o Padre, nas escadas da Igreja, lia o nome e fazia a chamada a entrega da carta. Muitas vezes era-lhe solicitado que a lesse...o que ele fazia na frente das pessoas presentes”.
No início do Séc. XX, as diligências deram lugar ao transporte ferroviário, passando os comboios a desempenhar um papel importante nas comunicações, no transporte de passageiros, mercadorias e do próprio correio, sendo muito mais rápido que o cavalo. Assim, foram adicionadas aos comboios as chamadas “ambulâncias postais”, carruagens nas quais trabalhavam várias pessoas que tinham a função de distribuir “as cartas” pelas localidades. Estas cartas eram entregues nas estações onde parava o comboio.
É nesta fase que entra a mãe do meu familiar na função de recoveira. Tinha ela como missão transportar os sacos do correio desde a estação dos CTT (Correios Telégrafos e Telefones) até à estação do caminho de ferro (então, Vale do Vouga) para aí serem introduzidos nas citadas “ambulâncias” e o seu conteúdo ser distribuído conforme os destinos. “A minha mãe fez esse trabalho desde 1952 até ao aparecimento do transporte rodoviário”- disse o meu familiar. Com o aparecimento dos veículos de transporte motorizado, foram alterados os hábitos até esta altura baseados no “homem”.
Esta fotografia mostra-nos a primeira estação de correios da Vila da Feira, situada no Rossio. Mais tarde, em 2 de Março de 1958, foi inaugurada a nova Estação dos Correios, no local onde ainda hoje se encontra.
Não podemos esquecer o papel que as caixas de correio ou os marcos postais distribuídos pelas vilas e aldeias tiveram na recolha de cartas, evitando assim que as pessoas se deslocassem às estações dos CTT (Fig. 3). Estas pequenas caixas retangulares ou cilíndricas de cor vermelha que ainda hoje encontramos nas paredes de algumas casas de comércio ou na confluência de ruas prestaram e prestam um relevante serviço público.
Nesta altura, os carteiros, homens encarregues de fazer chegar as cartas às pessoas, usavam uma farda tipo ganga clara, e estavam sinalizados, para além da farda, com um distintivo onde sobressaía um “homem montado num cavalo com uma corneta na mão”. Estes homens tinham como tarefa calcorrear os caminhos, carregados com uma mala de cabedal castanha, quer estivesse chuva, frio, calor ou neve, a missão tinha que ser cumprida. Quando o carteiro chegava a um lugar ou aldeia, para não andar de casa em casa, tarefa impossível para o trabalho e tempo que tinha, tocava uma corneta de metal amarelo e as pessoas que andavam nas suas tarefas vinham ao encontro do carteiro que então distribuía as cartas.
Este serviço era e é pago com a utilização do selo. O primeiro selo português foi lançado em 1853 (sem a menção de qualquer importância) e tinha a efígie da Rainha Dª Maria II.
 
Trabalho de: Francisco Tavares (6ºA)

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Parabéns ao aluno e professores pelo belíssimo artigo. A casa da Malaposta de Sanfins foi dos meus avós maternos , pasou para a miha mãe e irmãos e há poucos anos foi vendida. Conheço, portanto, esta casa muito bem. Brinquei muito na quinta que a ladeia e na casa; os sótãos eram o meu local de eleição. Esta casa tem a planta em U . Na parte central da casa situavam-se as cavalariças que já conheci como curral.Numa das extremidades do U ficavam a cozinha e lojas.Na outra os quartos e creio que uma pequena sala.
    Mais uma vez parabéns e espero que este blog se mantenha ativo. É assim que se educam as novas gerações a interessarem-se pelo nosso património e consequentemente a respeitá-lo.
    Um bem haja
    Paula Neves
    Desculpem eliminar o 1º comentário, mas um feio erro obrigou-me a isso

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