Conhecer o Passado para entender o Presente

"Entrar na História" é o nome deste blogue. Pode significar abrir a porta e entrar no tempo que nos antecedeu. O tempo dos nossos avós... e dos avós dos nossos avós. De todos aqueles que construíram a terra onde vivemos.
Temos o dever de continuar a obra que nos deixaram, dando o nosso contributo para melhorar o que deve ser melhorado. Fazer da nossa terra um lugar mais agradável para viver.
Não se pode melhorar o presente se não o conhecermos. E para compreender o presente temos de conhecer o passado.
É o que este blogue te propõe: vamos investigar a história da nossa terra, para a conhecermos melhor.

Aproveitem!

Aproveitem!

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Personalidades do Concelho da Feira relevantes na 1ª República

Ângelo de Sá Couto da Cunha Sampaio Maia
 
 
Ângelo de Sá Couto da Cunha Sampaio Maia nasceu a 21 de Maio de 1886 na Quinta da Portela de Baixo em Paços de Brandão. Era filho de Emília Augusta de Sá Couto Moreira e de Augusto da Cunha Sampaio Maia, 1º conde de S. João de Ver. Este foi médico de renome, monárquico convicto, presidente da Câmara da Feira e fundador do Hospital de Oleiros.

Ângelo de Sá Couto da Cunha Sampaio Maia, bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, foi nomeado em 1911 Sub-Delegado do Procurador Geral da República no 2º Juízo de Investigação Criminal e na 4ª Vara Cível de Lisboa até ao seu concurso para Magistratura.

Na capital exerceu advocacia até 1929, desempenhou o cargo de Governador Civil do Distrito de Aveiro em 1919 e até 1926 o de Deputado da Nação. Foi Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, e Ministro do Trabalho entre 1925 e o golpe militar de 28 de Maio de 1926. Assinou o decreto das oito horas diárias de trabalho.
 A partir de 1929, por motivos de doença, retirou-se para S. João de Ver e instalou-se na já sua Casa da Torre, passando a colaborar com o seu pai na administração do Hospital Nossa Senhora da Saúde, de S. Paio de Oleiros, unidade de assistência e saúde de que foi Diretor Geral a partir de 1938. Faleceu a 19 de Dezembro de 1970.
Ficou conhecido como o Ministro das 40 horas, pois foi enquanto Ministro do Trabalho que assinou o Decreto que regulamentou em Portugal as 40 horas de trabalho por semana.
Cândido de Pinho

O 2º Reitor da Universidade do Porto nasceu em Fornos, Santa Maria da Feira, a 9 de Maio de 1853. Estudante da Escola Médico-Cirúrgica do Porto, concluiu o curso com louvor em 1877.
Após a criação da Universidade do Porto, em 1911, assumiu as funções de Vice-Reitor para, em 1918, suceder a Francisco Gomes Teixeira como reitor da Universidade do Porto. Exerceu também o cargo de Director da Faculdade de Medicina, resultante da transformação da Escola Médico-Cirúrgica do Porto.
Foi durante o mandato de Cândido de Pinho, na Reitoria, que se deu uma importante reforma do ensino superior liderada por Alfredo Mendes de Magalhães, da qual resultou a publicação do Estatuto Universitário. Entre outras coisas, descrevia a clarificação das funções das universidades (ensino profissional, investigação científica e difusão da alta cultura) e a dependência das universidades face ao Estado, salvaguardando-se contudo a autonomia governativa das Faculdades e Escolas. O assassinato de Sidónio Pais - em Dezembro de 1918 - acabaria por precipitar a saída do Reitor em 1919, ano da sua morte.
Além da carreira académica, Cândido de Pinho foi também Vice-presidente da Câmara Municipal do Porto.
Francisco Alvim Ferraz de Sousa Tavares, nº 12, 6º A
 
 

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O Francisco, do 6ºA, fez um muito interessante trabalho de pesquisa sobre a história dos correios na sua localidade: Santa Maria da Feira. Para tal, entrevistou familiares seus, que lhe forneceram informações curiosas sobre este importante meio de comunicação.
 
O correio contado por quem assistiu ao seu início...
A primeira estação de correios da Vila da Feira
 
 
Resolvi entrevistar um familiar próximo, cuja mãe e avó desenvolveram atividades ligadas aos correios, desde final do Séc. XIX até meados do Séc. XX, aqui em Santa Maria da Feira (à data, Vila da Feira). Dessa entrevista fiquei com algumas informações fantásticas que vou partilhar.
O sonho e a necessidade das pessoas em comunicarem entre si são muito antigos.
Ainda hoje, podemos assistir nos filmes de índios e cowboys, a comunicação que faziam, utilizando sinais de fumo.
Com o aparecimento da escola, aumentou substancialmente o número de pessoas a saber escrever. Nasceu mais uma necessidade: o das pessoas comunicar entre si por intermédio da escrita. Surgiu então a carta escrita dirigida a familiares e amigos, estivessem onde estivessem. Mas não bastava escrever a carta. Como fazer para ela chegar ao destinatário? Como pagar esse serviço?
Foi assim que, em 1859, foi criada por vontade Régia (Ministro Fontes Pereira de Melo) uma “diligência” (carruagem puxada por 4/6 possantes cavalos) que fazia o transporte de pessoas e das “cartas” entre Lisboa e Porto. Este trajeto demorava 34 horas! Neste percurso existia 23 mudas de cavalos, e para tal foram criados 23 edifícios compostos por estábulos para os cavalos, dois ou três quartos para descanso dos viajantes e local onde eram servidas refeições, geralmente compostas por sopa e pão.
Neste local, os cavalos eram mudados (os cansados da viagem por cavalos frescos), e nestas mudas era largada a correspondência destinada àquela enorme área geográfica. Daí estas primeiras estações terem o nome de Malapostas (Mala-postas).
Assim, à Vila da Feira de então foi atribuída uma Malaposta, criada junto à Estrada Romana, também denominada Estrada Real, e mais tarde junto da estrada que ligava Porto-Lisboa, também chamada Estrada Nacional nº1.
A colocação deste equipamento, para a época, inovador, veio mais tarde a dar o nome ao lo
cal, que assim se passou a chamar lugar da Malaposta-Sanfins-Vila da Feira.
O familiar que entrevistei contou-me:
“A minha avó, durante anos e anos, ia à Malaposta buscar o correio que se destinava a todo o norte do nosso Concelho e levava-o numa canastra para entregar nas freguesias. Era uma autêntica epopeia, pois os caminhos eram fracos, e pontes, poucas ou nenhumas. O sacrifício era enorme para estas recoveiras. Segundo ela me contou, levava o correio desde a Malaposta até à freguesia de Canedo (quase 20Km) a pé, mal alimentada e sem meios de comunicação. Chegada ali, o correio, já dividido em pacotes, era entregue ao Padre ou ao Professor, ou não fossem eles as únicas ou quase únicas pessoas a saberem ler. Contava-me ela que o Padre, nas escadas da Igreja, lia o nome e fazia a chamada a entrega da carta. Muitas vezes era-lhe solicitado que a lesse...o que ele fazia na frente das pessoas presentes”.
No início do Séc. XX, as diligências deram lugar ao transporte ferroviário, passando os comboios a desempenhar um papel importante nas comunicações, no transporte de passageiros, mercadorias e do próprio correio, sendo muito mais rápido que o cavalo. Assim, foram adicionadas aos comboios as chamadas “ambulâncias postais”, carruagens nas quais trabalhavam várias pessoas que tinham a função de distribuir “as cartas” pelas localidades. Estas cartas eram entregues nas estações onde parava o comboio.
É nesta fase que entra a mãe do meu familiar na função de recoveira. Tinha ela como missão transportar os sacos do correio desde a estação dos CTT (Correios Telégrafos e Telefones) até à estação do caminho de ferro (então, Vale do Vouga) para aí serem introduzidos nas citadas “ambulâncias” e o seu conteúdo ser distribuído conforme os destinos. “A minha mãe fez esse trabalho desde 1952 até ao aparecimento do transporte rodoviário”- disse o meu familiar. Com o aparecimento dos veículos de transporte motorizado, foram alterados os hábitos até esta altura baseados no “homem”.
Esta fotografia mostra-nos a primeira estação de correios da Vila da Feira, situada no Rossio. Mais tarde, em 2 de Março de 1958, foi inaugurada a nova Estação dos Correios, no local onde ainda hoje se encontra.
Não podemos esquecer o papel que as caixas de correio ou os marcos postais distribuídos pelas vilas e aldeias tiveram na recolha de cartas, evitando assim que as pessoas se deslocassem às estações dos CTT (Fig. 3). Estas pequenas caixas retangulares ou cilíndricas de cor vermelha que ainda hoje encontramos nas paredes de algumas casas de comércio ou na confluência de ruas prestaram e prestam um relevante serviço público.
Nesta altura, os carteiros, homens encarregues de fazer chegar as cartas às pessoas, usavam uma farda tipo ganga clara, e estavam sinalizados, para além da farda, com um distintivo onde sobressaía um “homem montado num cavalo com uma corneta na mão”. Estes homens tinham como tarefa calcorrear os caminhos, carregados com uma mala de cabedal castanha, quer estivesse chuva, frio, calor ou neve, a missão tinha que ser cumprida. Quando o carteiro chegava a um lugar ou aldeia, para não andar de casa em casa, tarefa impossível para o trabalho e tempo que tinha, tocava uma corneta de metal amarelo e as pessoas que andavam nas suas tarefas vinham ao encontro do carteiro que então distribuía as cartas.
Este serviço era e é pago com a utilização do selo. O primeiro selo português foi lançado em 1853 (sem a menção de qualquer importância) e tinha a efígie da Rainha Dª Maria II.
 
Trabalho de: Francisco Tavares (6ºA)